quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Como Teria Sido o Gol da Ford?

No início de 1994, num momento em que já esperávamos um VW Gol bem diferente (o 'bolinha'), muito se falava sobre um novo compacto da Ford que usaria a plataforma, mecânica e a carroceria do novo VW. Essa era uma época em que as duas empresas formavam uma joint-venture, a Autolatina (composição: 49% Ford e 51% VW). Vasculhando minha coleção de recortes de jornais da época, achei essas ilustrações feitas pela Folha de São Paulo em seu caderno Veículos. É claro que foram ilustrações feitas no 'chutômetro', com base em poucas informações. É uma tarefa muito difícil para jornalistas e mídia especializados buscarem informações 100% exatas sobre futuros lançamentos. Com algumas informações, se chega a uma conclusão. A Folha de São Paulo foi incisiva, conforme trecho da matéria a seguir:

"Está confirmado. A Ford lança um novo carro pequeno no país, no final de 95. Vai ser derivado do novo Gol, que a Volkswagen apresenta oficialmente depois de junho e começa a vender a partir de agosto em suas revendas."

Desde o surgimento da Autolatina, em 1987, a VW compartilhou os motores AP assim como a plataforma do Santana/Quantum com a Ford, resultando no Versailles/Royale. Já os alemães aproveitaram a parceria para lançar o Apollo - que era praticamente igual ao Verona, apresentado em 1989 - e a dupla Pointer/Logus, baseados na geração seguinte do Escort/Verona. A VW também chegou a utilizar motores da Ford. Segundo a matéria da Folha, a Ford queria fazer um carro com alguma personalidade, objetivando diferenciá-lo do Gol.

"O modelo, ainda sem nome definido, está sendo desenvolvido no estúdio Ghia, na Itália, e terá a mesma plataforma, mecânica e motorização do novo Gol..." "...Um protótipo do modelo foi submetido no início do ano a testes no túnel de vento da Volkswagen, na Alemanha."

A verdade é que muitos davam como certo o lançamento de um novo compacto da Ford com base no Gol mas... Parece que a VW chiou e não queria compartilhar a plataforma de seu best-seller com a Ford. Há quem diga que esse foi o estopim da separação. A seguir, trechos da página da Wikipedia, onde são expostas as possíveis causas do fim da Autolatina, que efetivou-se em 1996:

No início dos anos 90, a criação da Autolatina começou a ser questionada por ambos os lados. Por exemplo, a equipe da Volkswagen sentia-se incomodada com perda de mercado para o Uno Mille (que, como único veículo da categoria, era um crescente sucesso de vendas) e queria entrar neste segmento de “populares”; mas a Ford tinha uma estratégia diferente, o que se evidencia pela sua tardia entrada neste mercado com o modelo Ford Ka.

Outro exemplo: os engenheiros da Volkswagen percebiam que era chegada a hora de remodelar o Volkswagen Gol, mas o pessoal da Ford não concordava com o investimento necessário, pois tinha outras prioridades na linha Escort. Além disto, havia entre o pessoal da Volkswagen a percepção de que seus produtos ganhavam mercado enquanto os da Ford perdiam. O tempo, porém, mostrou que ambas as marcas estavam perdendo terreno para a concorrência, inclusive devido à abertura do mercado e à entrada de novas empresas no setor.

A decisão de separar as empresas, dissolvendo a
Autolatina, foi tomada no final de 1994 e efetivou-se em 1996, ocasião em que os sistemas de informação passaram a ser específicos a cada uma delas. A separação foi mais amigável do que pode parecer à primeira vista: foi uma questão ligada a filosofias e estratégias de negócio, com poucos traços de sentimentos e rancor. Um sinal claro disto foi que os empregados puderam optar pelo seu destino, ou seja, se iriam para a Ford ou para a Volkswagen, independentemente de sua origem. Desta forma, vários ex-funcionários da Ford ficaram na Volkswagen e vice-versa.


Dentre os problemas a solucionar estavam os produtos que usavam componentes das duas empresas (exemplo: o Escort com motor Volkswagen) e aqueles em que uma das fábricas produzia para a outra (exemplo: o Volkswagen Logus produzido pela Ford com motor Volkswagen). Para solucionar tal dilema, o acordo previa que, por um ano, produtos híbridos seriam mutuamente suportados. Após este período, cada empresa deveria estar capacitada a trabalhar com seus próprios recursos.


Ilustrações: Fábio Ferrero/Folha de São Paulo - 1994.


Obs.: Texto publicado originalmente em 2008. Atualizado em 13/jan/2011.

Um comentário:

Raul Cesar disse...

É Assim nasceu o escort hobby 1.0 xD

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